domingo, 31 de julho de 2011

Cena viral


Os mais atentos de vós a estas coisas da música portuguesa (e o mais feromónicos, também) já terão reparado, ou esbarrado, neste vídeo ai em cima que circula, as we speak,  pelas internets da vida (vídeo viral, portanto), protagonizado por um empregado de hotel que, pelos vistos, arranha uns acordes, e providencia canções para senhoras em modo serviço de quartos. Consegui apurar que o nome do assalariado em questão será Diego Armés, que é sócio do Benfica, e que a fama granjeada pelo tal vídeo já lhe terá valido inúmeras ofertas e oportunidades para capitalizar, sendo que a Chifre Records ter-se-á já editado à concorrência e assinado contrato para a edição de um disco, de que só se sabe que se chamará "Canções para Senhoras" e será editado depois do Verão (provavelmente numa estratégia implícita para deixar acalmar o burburinho à volta do vídeo e descolar do dito assalariado o rótulo de fenómeno fugaz). Soube também que o vídeo é mais uma produção Picos Gémeos, que voltam a reafirmar a sua inequívoca capacidade para estar no sítio certo na altura certa (e sempre com o devido equipamento de luz, só para o caso...).
           

terça-feira, 26 de julho de 2011

Aviso à navegação


Já está disponível, aqui, a tal compilação comemorativa dos vinte anos do "Ruptura Explosiva". Não é demais referir que não só contem uma malha com assinatura C de Croché & Filipe da Graça como muitas outras de gente muito talentosa. É sacar e sair chilando por aí, portanto. Também não é demais referir que amanhã há concerto de Filipe da Graça no Bairro, só o homem e a viola, o que tem tanto de redutor como de libertador, acreditem. É às 22:00, no Répública na Rua da Rosa e é grátis (penso que não será necessário dizer mais nada). Vemo-nos lá.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Colagem

Amigos, amigas, hemafroditas e pessoas em geral, dois eventos a não perder, musicalmente falando, com a vantagem de serem ambos do roque, a saber: hoje à noite, no Musicbox, lançamento da Chifre, nova editora, de gente boa, com grandes artistas, e ainda melhor gosto na escolha dos colaboradores ao nível dos telediscos (na festa vão poder assistir à estreia do teledisco para a "Canção Sentimental" do Diego Armés, uma produção cá da casa, com o selo Picos Gémeos); amanhã de manhã, em Carcavelos, o lançamento de uma compilação (nascida na cabeça do Tiago Cavaco, um gajo que continua a insistir que viver no séc.XXI e em Portugal não são condições contraditórias), em jeito convívio/surfada (e se isto não é do roque, não sei o que é), que comemora os 20 anos do "Ruptura Explosiva", essa obra maior do cinema mundial (e da Bigelow em particular, no fundo, no fundo, o Óscar que ela recebeu o ano passado foi o de carreira), que consiste, muito resumidamente, numa concentração, estupidamente elevada, de talento. Há por lá uma malha com a assinatura C de Croché & Filipe da Graça e muitos, muitos mais artistas, que não me canso de gritar, são altamente talentosos. Nem preciso de referir, que, para gente verdadeiramente do roque, a única opção será, naturalmente, a colagem do dois eventos, prolongando a festa chifruda até à hora da surfada. Só têm de decidir, ao chegar à praia, se são mais do estilo Utah (e aí aguardam calmamente que o nível de alcoolemia desça para valores, digamos, aceitáveis, antes de se fazerem ao mar) ou se são mais do estilo Bodhi (ou seja, pegar na prancha e siga para bingo).
     

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Diz Freud, a culpa é da mãe

Lucian Freud "The Painter's Mother" (1972)

terça-feira, 19 de julho de 2011

Everything is new

Ela pode ser um verdadeiro festival nessa noite mas é pela manhã que vamos saber o cartaz dos próximos dias.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

"Do Roque"

O roque, aquele que vale a pena pelo menos, tem poucas regras e ainda menos dogmas. Mais camada, menos camada, mais independência, menos indepedência, há de tudo e para todos. E ainda estou por conhecer um gajo "do roque" (mas mesmo do roque, daqueles que só ouvem malhas) que precisasse que alguém lho definisse (definir não é "do roque", embora seja de produtor "do roque") e que não defendesse até à morte (pelo menos) quatro bandas que eu gostava que nunca tivessem existido. Sendo que, muito provavelmente, hoje em dia adoro uma dessas bandas e uma das outras está em pleno processo de assimilação (as outras duas estão mesmo descartadas: o gajo é que é parvo e, obviamente, não percebe nada de roque).
Mas, como tudo na vida, o roque também é cíclico. Há coisas que se vão repetindo (às vezes coisas giras, até), e, raramente, por acaso. Umas das coisas básicas que se vai aprendendo é que o primeiro disco de um baterista roque (e não estou a falar de um tipo que até consegue tocar umas malhas dos White Stripes na bateria) tem um charme irrepetitível. O primeiro longa duração do Filipe da Graça (que é tão "do roque" que até vem em formato cdr já com riscos) está aí para comprová-lo, com o delicioso extra de provar também que o tal talentoso baterista roque tem as mesmas possibilidades de gravar um disco fantástico quer tenha anteriormente estado numa banda com o Kurt Cobain quer tenha estado numa com o C de Croché. Não estou, naturalmente, com esta comparação, a insinuar que se vislumbra para o Filipe da Graça uma carreira similar à trilhada pelo Dave Grohl, até por razões evidentes (o Dave Grohl, que seja do meu conhecimento, não tem nenhum talento especial com a câmera na mão; o C de Croché está aí para as curvas, enquanto que o Kurt foi o que se sabe, e por aí fora...). Não que não fosse bem-vinda, muito pelo contrário.
O roque, ao contrário do que alguns gajos de cabelo comprido por aí apregoam, não só não é a coisa mais importante da vida (embora seja indiscutivelmente mais importante que a pope) como também tem dado azo a conceitos tão errados como o de bandas "que se venderam" ou que "se deixaram corromper pelo dinheiro" e que por essa razão já não são "do roque", como tantas vezes se ouve os fãs, erradamente, acusar (fãs esses, que, ironicamente, são muito mais importantes que o roque em si, embora não o saibam). Um gajo "do roque" não se deixa corromper, corrompe, não se vende, quanto muito compra (um ego maior, por exemplo). Pode é acontecer-lhe, como a qualquer gajo no mundo que faça música*(e aqui os géneros até são equilibrados, embora se registe uma maior taxa de incidência no reggae), fazer malhas merdosas, embora já tenha, em tempos, feito boas malhas, ou debitar disco pope atrás de disco pope sem nunca deixar de ser "do roque" (personal favourites), ou até, andar há anos a fazer discos roque sem nunca ser verdadeiramente "do roque". Num top dez de coisas mais importantes que o roque, na vida, assim de cabeça, teriam que constar sempre items como: o dinheiro (em qualquer formato), a morte, a vida em geral, o cinema (inclusive documentários sobre roque, mas excluindo os concertos gravados**), ou a música em geral. Um dos factores de atracção do roque é o facto de poder ser um veículo para se falar sobre todas estas coisas, mais importantes que ele mesmo, através das vulgarmente chamadas letras (com a vantagem, em relação à pope, de que no roque, as mesmas podem ser gritadas e não precisam de ser entendidas, ou em relação ao reggae, de não terem de incluir a palavras "rewinda" ou "selector", que são bem tramadas de rimar). Voltando ao que interessa (o charme irrepetitível do primeiro disco de um baterista roque), essa que está aí em baixo não é uma malha, é um malhão (expressão "do roque" usada para designar uma malha verdadeiramente excepcional mas que tem de ser usada com cautela por causa da infeliz ligação à tradicional dança algarvia, e aproveito esta deixa para clarificar que o trad-roque, não obstante o nome, não é "do roque"), proveniente de uma dessas brutais estreias em disco de um baterista, neste caso, o primeiro dos Foo Fighters do Dave Grohl (e os Foo Fighters são também um perfeito exemplo de uma banda que é "do roque", mas que faz música chata como a potassa há mais anos do que os que eu gostava de saber). A ideia inicial era espetar com uma do Filipe da Graça mas o disco contém nada mais nada menos do que sete malhões e não me consegui decidir.
Peço ainda desculpa por me ter referido a mim mesmo na terceira pessoa algumas vezes nas linhas anteriores (deve ser do facebook) e aproveito ainda para me pedir que daqui para a frente me tratassem por Miguel Relvas da FlorCaveira. Que o roque vos acompanhe.


*com excepção do J.Mascis
**com excepção dos dvds dos Queen ou qualquer outro em que entre o Brian May ou gajos com um penteado parecido