terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Febre do balanço II (I Fought Piranhas)





Bem no início da década, entre 2000 e 2002, houve uma série de discos que, mais que individualmente, foram no seu conjunto, muito importantes cá por estes lados. É verdade que ajuda o facto de o encontro se ter dado num momento chave de crescimento e curiosidade musical e terem levado à natural descoberta de outras referências da história da música pópe, ainda não deslindadas por essa altura, mas isso por si só não justifica a conta em que os tenho. Acima de tudo, foi a atitude, a sujidade sem perder de vista a melodia, e o don't give a fuck (em pose estudada, é certo, mas mesmo assim um don't give a fuck) que abriu caminho para o do it yourself de segunda geração contemporâneo, que vieram revelar um admirável mundo novo e enxaguar da boca o roque de produção limpinha e os tripópes e derivados em que o final da década de noventa nos tinha deixado a marinar.
Com a efemeridade como o mote esperado nestas coisas da pópe, são poucas de entre estas bandas, as que se aguentaram até aos dias de hoje, e ainda mais raras, as que se mantiveram relevantes. A maioria ou já não existe ou continua a gravar o mesmo disco regularmente, mas ficam as canções que foram de intervenção naqueles tempos e a memória das infinitas horas na garagem com o meu irmão a tentar reproduzi-las, lançando as primeiras sementes de um caminho comum. Falo de álbuns como Is this It (The Strokes), The White Stripes, De Stijl e White Blood Cells (The White Stripes), Relationship of Command (At the Drive-In), Highly Evolved (The Vines), The Datsuns (The Datsuns), Up the Bracket (The Libertines), B.R.M.C. (Black Rebel Motorcycle Club) ou Queens of the Stone Age e R (Queens of the Stone Age) entre outros.