quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Velho provérbio algarvio

"Via tudo tão grande, tão grande, que se assustou com a pequenez."

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Para o Vôo dos Gambinos, essa instituição maior do humor de violas português

Gambino, os Yuck? Claro, meu amigo, estão é no Mac...  e aqui em baixo.
Bro, um aviso para ti que és um gajo que sobe e desce escadas como um maluco: doucement daqui para a frente ao subir a escada dos Cunhasarméses, em especial ao passar pela porta do segundo andar, ao que parece, o melómano anda mal-disposto...
Está um belo feriado: S.Pedro colabora, contribuindo com a necessária chuva para as filmagens de logo à noite (senão lá teríamos de pagar aos bombeiros para vir fazer chover em cima de Filipe da Graça, o que elevaria o orçamento deste teledisco para o nível Kanye West), está menos frio, e até voltei a coexistir na mesma dimensão espacio-temporal com este blogue, ao escrever o postal de hoje, nem mais nem menos do que hoje.

 

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O talento separar-nos-á

Por estes dias releio O Diabo e o Bom Deus, o meu livro preferido de Jean-Paul Sartre. Dos que li, é o que melhor representa o ideal humanista sartriano. A acção da peça desenrola-se na Alemanha do séc. XVI e tem como personagem principal, Goetz, um fascinante senhor da guerra que, através das suas escolhas morais, vai evoluindo do absoluto para o relativo, do Mal para o Bem. Goetz não quer, verdadeiramente, acreditar nem em Deus nem no Diabo, a sua verdadeira ambição é praticar absolutamente o Mal, ou absolutamente o Bem, para ser ele mesmo Deus ou o Diabo. A sua escolha pelo Bem, só se dará quando se apercebe que o Mal só existe na dependência do Bem, que só se define a partir do Bem, não podendo ser, portanto, absoluto.
A grande questão que fica depois de o ler é: por que raio é que Sartre nunca ganhou um Nobel? Ah, já me lembro! Recusou, mas não o fez sem oferecer aquela que é quanto a mim, a mais singela e  brilhante fundamentação para a recusa de um prémio, fica aqui um excerto (pouco aconselhável a quem sofre de comichões marxistas):
 
"Quando digo "um homem feito de todos os homens", vale para mim como para todos e significa, consequentemente, uma tal comunidade, em profundidade, entre as pessoas, que, verdadeiramente, o que as separa é o que as diferencia; dito de outro modo, acho que é melhor realizar em si, de forma radical, a condição humana, na medida do possível, do que apegar-se a enormes diferenças específicas que chamamos, por exemplo, de talento..."
        

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O possível

Este postal é dedicado a duas das principais razões para cá andarmos: miúdas, e bandas que sabem que um disco é tão melhor quando maior for a faixa final. Isto é o que se arranjou.

 

domingo, 5 de dezembro de 2010

Nabi japonard

 Pierre Bonnard "Nu à contre-jour" (1908)

sábado, 4 de dezembro de 2010

A bit chilly

Não gosto do frio. Nasci e cresci nos mares do sul. Não há volta a dar. Podia viver vinte anos acima do Círculo Polar Árctico, que todos os dias acordaria a queixar-me que está "um bocadinho fresquinho". Mas o frio tem coisas boas. Um homem não consegue sair à rua, quando estão quarenta graus, de calções, t-shirt e chinelos, e sentir-se uma fortaleza inexpugnável, sentindo que aquilo é uma batalha entre ele e o seu Deus. Isso só é possível saindo à rua com o tal casaco que repousa pacientemente durante dez ou dez meses e meio do ano no roupeiro, cachecol, luvas e mais tudo o que couber debaixo do casaco (eu não uso gorros nem cenas na cabeça em geral) para enfrentar aquelas brisas finlandesas que colam cadeiras à calçada e empalham cães à sua passagem. Com o frio, as miúdas besuntam-se de batom para o cieiro. Alguns sabem bem. Aprecio particularmente os que sabem a frutas. Não precisam de ser coisas muito exóticas, afinal de contas não é Verão, é Inverno. Manga, maracujá ou goiaba já é um bocado demais. Um clássico como morango. Frutos vermelhos, vá. As garrafas de vinho do Porto e outros líquidos com mais de vinte graus de álcool reaparecem de repente nas prateleiras dos bares e tascas e irradiam calor só de olhar (embora alguns amigos me jurem que estão lá o ano inteiro). Num fenómeno inverso, as velhas e as cervejas bem geladas são submetidas a um qualquer recolher obrigatório e desaparecem. O que só não é mais triste porque no coração fica-nos a certeza que as cervejas vão voltar sãs e salvas quando as temperaturas subirem.
       

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Daltonismo

Anda tudo com medo de ser mal-entendido e a evitar dizer aquilo que é há muito evidente. Como até tenho vários amigos que não costumam ter papas na língua nestas coisas, andava à espera que um deles se chegasse à frente, mas não aguento mais e está mais que na hora de alguém dizer isto: O KANYE WEST NÃO É PRETO! Sim, My Beautiful Dark Twisted Fantasy é uma obra-prima, sim, ele é o novo Michael Jackson, mas não, ao contrário do que todas as críticas aos seus discos tentam insinuar, ele não é o preto mais cool do mundo (esse título pertence ao Snoop Dogg para aí desde que aprendeu a abanar o tronco). Não o é, volto a repetir, pelo simples facto de não cumprir umas das premissas base mais importantes para ser o preto mais cool do mundo: ser preto! Aliás, o Kanye West não só deixou de ser preto logo ao segundo disco, Late Registration, como já se deu ao luxo de fazer algumas canções que mais parecem saídas da cabeça de um branco ressabiado. Isto é o quão preto ele não é! Atenção, que também não é branco. Naturalmente que não é branco. O Kanye West não tem cor, o que é muito diferente de ser preto, branco ou arco-íris, e coisa que só está ao alcance de quatro ou cinco seres humanos contemporâneos com cuja obra eu já tenho tido o prazer de contactar. A grande vantagem do Kanye West em relação ao Michael Jackson é que, por ser um produto do séc.XXI, pode dar-se ao luxo de, embora não tendo cor, ter uma cor de pele, e assim evitar ter de andar a fazer operações até conseguir que a cor da sua pele corresponda à sua verdadeira cor (o que, como pudemos tristemente testemunhar no caso do Rei morto da pópe, não é possível, o ideal mesmo era o homem ter nascido vinte anos mais tarde, mas aí, o séc.XXI de que falo, provavelmente não existiria).
Alguém pode honestamente dizer que esse gajo vestido de vermelho contra um fundo branco que está a cantar aí em baixo é um preto? O homem até nos fez a papinha toda e convidou um verdadeiro preto para aparecer só uns segundos para percebermos a diferença.


 

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Trabalhosamente

Alguém se deu ao trabalho de contar os advérbios de modo que utilizei em vários dos meus postais para com esses dados fundamentar uma teoria que, trocada por miúdos, defende que a qualidade dos mesmos postais é proporcional ao número de advérbios de modo neles utilizados. Acrescenta ainda, "para meu deleite", pormenores estatísticos tão impressionantes como a demonstração de que o número desses advérbios por mim utilizados "aumenta exponencialmente em dobro" ao número de linhas do postal. Não sei responder a isto. Mas desde pequenino que me apaixonei pela ideia de alguém se dar ao trabalho de seja lá o que for por minha causa.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010