Anda tudo com medo de ser mal-entendido e a evitar dizer aquilo que é há muito evidente. Como até tenho vários amigos que não costumam ter papas na língua nestas coisas, andava à espera que um deles se chegasse à frente, mas não aguento mais e está mais que na hora de alguém dizer isto: O KANYE WEST NÃO É PRETO! Sim, My Beautiful Dark Twisted Fantasy é uma obra-prima, sim, ele é o novo Michael Jackson, mas não, ao contrário do que todas as críticas aos seus discos tentam insinuar, ele não é o preto mais cool do mundo (esse título pertence ao Snoop Dogg para aí desde que aprendeu a abanar o tronco). Não o é, volto a repetir, pelo simples facto de não cumprir umas das premissas base mais importantes para ser o preto mais cool do mundo: ser preto! Aliás, o Kanye West não só deixou de ser preto logo ao segundo disco, Late Registration, como já se deu ao luxo de fazer algumas canções que mais parecem saídas da cabeça de um branco ressabiado. Isto é o quão preto ele não é! Atenção, que também não é branco. Naturalmente que não é branco. O Kanye West não tem cor, o que é muito diferente de ser preto, branco ou arco-íris, e coisa que só está ao alcance de quatro ou cinco seres humanos contemporâneos com cuja obra eu já tenho tido o prazer de contactar. A grande vantagem do Kanye West em relação ao Michael Jackson é que, por ser um produto do séc.XXI, pode dar-se ao luxo de, embora não tendo cor, ter uma cor de pele, e assim evitar ter de andar a fazer operações até conseguir que a cor da sua pele corresponda à sua verdadeira cor (o que, como pudemos tristemente testemunhar no caso do Rei morto da pópe, não é possível, o ideal mesmo era o homem ter nascido vinte anos mais tarde, mas aí, o séc.XXI de que falo, provavelmente não existiria).
Alguém pode honestamente dizer que esse gajo vestido de vermelho contra um fundo branco que está a cantar aí em baixo é um preto? O homem até nos fez a papinha toda e convidou um verdadeiro preto para aparecer só uns segundos para percebermos a diferença.