A tv é uma cena fixe, pelo menos a que chega via cabo. Sim, há muito que há o Conan, o Jon Stewart, uma série ou outra que vale a pena gravar, mas já não é só isso. A televisão já não estupidifica, como tão comummente se popularizou dizer, muito pelo contrário, integrou e absorveu as pessoas estúpidas que ela mesmo criou (as mais talentosas, claro) e transformou-as em puro entretenimento, não poucas vezes, de nível elevado. E para além disso, também educa.
Foi a graças a ela que percebi finalmente o que é que se passa num campo de futebol americano (e o que lá se passa é do caraças), o que não podia ter vindo em melhor altura já que já estamos à porta de nova Super Bowl, que pela primeira vez na minha vida vou poder ver desfrutando de algo mais do que aquela parte quando as cheerleaders entram em campo. Foi também graças a ela (na mesma noite em que me tinha acabado de deliciar com um monumental New York Jets vs. New England Patriots - e os Jets são a minha primeira equipa favorita desta cena) que tive a oportunidade de rever Big Mário, aquele que estava sempre deitado no sofá no primeiro Big Brother e que depois foi preso (penso que por essa mesma razão), num espectacular programa de um canal nortenho, naquela noite dedicado à soap opera à la CSI protagonizada pelo mais recente português a viver o sonho americano: Renato Seabra.
Momento da noite? Foram dois: Mark Sanchez a desempatar o seu particular choque de titãs com Tom Brady (a primeira grande vantagem do futebol americano é que todas as equipas, grandes ou pequenas, têm um nº 10, um artista à séria) no terceiro período com um fabuloso passe de 30 jardas (sim, agora trabalho a jardas) e, last but not least, Big Mário a explicar a um advogado, e passo a citar: "o problema é que o sistema judicial americano não compreende a psicologia do que é crescer em Cantanhede". I rest my case.