sábado, 4 de julho de 2009

Sem rede

Ainda mais do que dos tempos em que se comprava com carinho "aquele disco", aquele que "eles recomendaram esta semana", que era certo e sabido que iria ser companheiro fiel nas semanas seguintes, e destrancar portas que ainda nem se sonhava existir, é dos tempos primordiais em que se comprava pela capa de que mais saudades tenho. A aventura total, sem rede, num mundo cheio de possibilidades. Mas atenção, que era uma questão de tudo, menos de sorte. Era um talento elevado à condição de verdadeira arte. E que proporcionava aos mais dotados, momentos inigualáveis de prazer auditivo.
É verdade que grande música será sempre grande música, e a sua descoberta uma eterna aventura. Mas agora, quando subimos à plataforma e inspiramos fundo pela última vez antes de carregarmos no play, nem precisamos de olhar para baixo para ver a enorme rede que nos envolve.