LeRoy Grannis "MAKAHA (NO. 60)" (1968)
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
terça-feira, 29 de setembro de 2009
As míudas desejam ardentemente a vida
São, por estes dias, a mais perfeita expressão de música que mais do que instigar à adoração, incita à criação. Girls, de San Franfuckingcisco.
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Quilometragem
O acto eleitoral, seja ele executado em privado, numa auto-fornicação abstencionista, ou como no meu caso, a 300 quilómetros de distância, tem sempre o seu quê de interessante. Passando por cima de todas as questões sobre direitos e deveres cívicos ou até validação ideológica das barbaridades que se debita com ar de entendido o ano inteiro, uma das principais vantagens do meu acto eleitoral é exactamente a quilometragem que me separa dele.
São 600 quilómetros no total que me permitem acertar o calendário com aqueles álbuns que, por uma razão ou por outra, andavam fugidios. E ainda por cima, com a implacável justiça crítica que só o som de um ipod num carro preto a rasgar a noite alentejana permite.
Resumida a campanha, posso anunciar que os Golden Silvers e o seu True Romance venceram o sufrágio deste fim-de-semana com uma maioria absoluta. Chamem-lhe asfixia democrática, chamem-lhe o que quiserem, mas há muita mais música naqueles meninos do que o single True Romance, de que já tinha gostado bastante, me tinha inclinado a achar, e os rapazes são dignos herdeiros da melhor veia pope britânica.
Em segundo lugar ficam os Japandroids, com Post-Nothing, superando o álbum homónimo dos xx, por uma unha negra, e só por uma razão muito simples: não fizeram metade do alarido durante a campanha. Nenhum dos dois me cativou especialmente, um apontamento aqui e ali, mas pouco, muito pouco a dar corpo às por aí apregoadas ideias frescas. E se parece um critério injusto, este o da cobertura mediática, é porque andaram distraídos nos últimos tempos. Felizmente, vêm aí as autárquicas e respectiva campanha, para corrigirem a desatenção, e outros 600 quilómetros, para eu acertar contas com mais uns quantos disquitos.
Em segundo lugar ficam os Japandroids, com Post-Nothing, superando o álbum homónimo dos xx, por uma unha negra, e só por uma razão muito simples: não fizeram metade do alarido durante a campanha. Nenhum dos dois me cativou especialmente, um apontamento aqui e ali, mas pouco, muito pouco a dar corpo às por aí apregoadas ideias frescas. E se parece um critério injusto, este o da cobertura mediática, é porque andaram distraídos nos últimos tempos. Felizmente, vêm aí as autárquicas e respectiva campanha, para corrigirem a desatenção, e outros 600 quilómetros, para eu acertar contas com mais uns quantos disquitos.
domingo, 27 de setembro de 2009
sábado, 26 de setembro de 2009
(Don't) Stop me if you think you've heard this one before
É verdade que estéticas e devoções tão inequivocamente assumidas raramente dão grandes resultados. Regra geral, porque servem quase sempre para camuflar a falta de ideias próprias ou de coragem. Não é o que sucede com os Cats on Fire, e aquele que tinha tudo para ser só mais um caso de seguidismo inócuo, transforma-se, quase miraculosamente (se considerarmos a combinação grandes músicas + grandes letras, um milagre), num caso sério de fazedores de elegantes e viciantes canções pope. Como tão bem resume, Mattias Bjorkas (do alto da sua melhor pose morriseyana), em Letters From a Voyage to Sweden: "I can confirm, it's blood, sweat and sperm".
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
A ti, não retirou Darwin a santidade
Não dás gargalhadas, só uma risadinha afectada. Não tens fome, tens apetite. Não andas, pairas. Não chegas, apareces. Não gritas, levantas a voz. Não suas, humedeces. Não dizes, sugeres. Não comes, petiscas. Não te embebedas, alegras-te. Não discutes, discordas. Não envelheces, amadureces. Não danças, deslizas. Não amas, gostas. Não tens piada.
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Caça ao voto
Mesmo em tempo de campanha eleitoral é inacreditável a bipolarização das temáticas de conversa. Não, ainda não tenho página de facebook, e não, ainda não fui ver o Inglourious Basterds.
Mas já faltou mais para chegar o ano novo, e montadas no seu dorso, novas resoluções.
Mas já faltou mais para chegar o ano novo, e montadas no seu dorso, novas resoluções.
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Caem petas do céu
Guido: Boy, you know, droppin' a bomb is like tellin' a lie. Makes everything so quiet. Pretty soon you don't hear anything, you don't see anything.
em The Misfits, argumento de Arthur Miller
em The Misfits, argumento de Arthur Miller
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
domingo, 20 de setembro de 2009
sábado, 19 de setembro de 2009
Errata
Relembram-me, muito pertinentemente, que o já referido dueto Dina/Lena d'Água não foi o único que me levou à descoberta de segredos profundos do meu corpo neste último mês, já que fui também abençoado com a oportunidade de deleitar os meus ouvidos com um dueto entre Frank Sinatra e Bono Coiso da I've Got You Under My Skin. Foi num carro, mas felizmente não ia eu a conduzir. Indaguei por aí e parece que todo o álbum, Duets de 1993, é uma verdadeira desgraça, não passando de uma colagem da voz dos convidados em cima das velhas canções do Sinatra. Menos mal. Dizem-me também que é impossível não me lembrar desta prodigiosa canção quando saiu, tal foi a exposição que mereceu. Não comento, mas dou graças a Deus, não pelas nações e pássaros que foram coniventes com este assassinato, mas pelo inconsciente freudiano. Vão lá abrir o caixão do Old Blues Eyes, que ele já teve tempo mais do que suficiente para ganhar juízo e aquilo já deve estar tipo o do Carlos Paião.
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
Da economia dos afectos
No hora de elaborar o balancete analítico, se perceberá por fim, que o que equilibra e desequilibra a balança comercial, não são os sorrisos e os braços abertos a quem chega, mas sim a quem parte. Hey, that's no way to say goodbye.
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
O amor a três
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
O enfarte
Ao contrário de muitos, cuja rentrée é marcada por um regresso às aulas, a minha este ano é marcada por uma espécie de fim de aulas, chegado que é o tempo de pôr em prática os ensinamentos colhidos durante o mês e picos que passou desde as últimas palavras dactilografadas neste blogue. E tanto que aprendi.
Aprendi que sim, é possível apaixonarmos-nos, não por uma, não por duas, mas por três pessoas ao mesmo tempo. Aprendi que ler primeiro o argumento do Synecdoche, New York e ver depois o filme é um dos melhores workshops de guionismo jamais disponíveis. Aprendi que o trilho Biberkopf não cessará de chamar por mim, e que os artigos da Alexandra Lucas Coelho no Público sobre Berlim foram das melhores coisas que se puderam ler este Verão. Aprendi que há homens e mulheres épicos à solta pelo pavimento lisboeta. Aprendi que o onirismo em alta definição do Michael Mann é "a linguagem que vamos andar todos a imitar daqui a dois anos". Aprendi que o cosmos é uma ilusão mas que a confluência cósmica é tão real quanto nós a desejarmos. Aprendi que o último do Bill Callahan não só é um dos melhores discos deste ano, como andava negligenciado cá por casa há uns tempos valentes e que agora que finalmente o abraçei não consigo desgrudar mais. Aprendi que há pilosidades eriçáveis em zonas do meu corpo que eu desconhecia, cortesia de um dueto televisivo entre a Dina e a Lena d'Água. Aprendi a relativizar a catalogação de pseudo-intelectual porque há quem seja catalogada/o de pseudo-hermafrodita. Aprendi que se não fosse o meo trocar-me as voltas poderia estar a seguir tranquilamente uma mistura perfeita de fumo, uísque e vestidos em balão, de seu nome Mad Men, que prova que mais do que o Elvis ou o Kurt são o Cheever e o Carver que estão vivinhos da silva. Aprendi que não faço parte da geração das amizades via net mas afinal faço, e porra, é um prazer. Aprendi, observando um grupo de rapazes em cima de um palco, que se há coisa que a música tem que ter sempre, é coragem, muita coragem. Aprendi que depressão pós-parto não é coisa exclusiva de mulheres de tornozelos inchados e seios volumosos.
Aprendi que sim, é possível apaixonarmos-nos, não por uma, não por duas, mas por três pessoas ao mesmo tempo. Aprendi que ler primeiro o argumento do Synecdoche, New York e ver depois o filme é um dos melhores workshops de guionismo jamais disponíveis. Aprendi que o trilho Biberkopf não cessará de chamar por mim, e que os artigos da Alexandra Lucas Coelho no Público sobre Berlim foram das melhores coisas que se puderam ler este Verão. Aprendi que há homens e mulheres épicos à solta pelo pavimento lisboeta. Aprendi que o onirismo em alta definição do Michael Mann é "a linguagem que vamos andar todos a imitar daqui a dois anos". Aprendi que o cosmos é uma ilusão mas que a confluência cósmica é tão real quanto nós a desejarmos. Aprendi que o último do Bill Callahan não só é um dos melhores discos deste ano, como andava negligenciado cá por casa há uns tempos valentes e que agora que finalmente o abraçei não consigo desgrudar mais. Aprendi que há pilosidades eriçáveis em zonas do meu corpo que eu desconhecia, cortesia de um dueto televisivo entre a Dina e a Lena d'Água. Aprendi a relativizar a catalogação de pseudo-intelectual porque há quem seja catalogada/o de pseudo-hermafrodita. Aprendi que se não fosse o meo trocar-me as voltas poderia estar a seguir tranquilamente uma mistura perfeita de fumo, uísque e vestidos em balão, de seu nome Mad Men, que prova que mais do que o Elvis ou o Kurt são o Cheever e o Carver que estão vivinhos da silva. Aprendi que não faço parte da geração das amizades via net mas afinal faço, e porra, é um prazer. Aprendi, observando um grupo de rapazes em cima de um palco, que se há coisa que a música tem que ter sempre, é coragem, muita coragem. Aprendi que depressão pós-parto não é coisa exclusiva de mulheres de tornozelos inchados e seios volumosos.
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