sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
Febre do balanço II (I Fought Piranhas)
Bem no início da década, entre 2000 e 2002, houve uma série de discos que, mais que individualmente, foram no seu conjunto, muito importantes cá por estes lados. É verdade que ajuda o facto de o encontro se ter dado num momento chave de crescimento e curiosidade musical e terem levado à natural descoberta de outras referências da história da música pópe, ainda não deslindadas por essa altura, mas isso por si só não justifica a conta em que os tenho. Acima de tudo, foi a atitude, a sujidade sem perder de vista a melodia, e o don't give a fuck (em pose estudada, é certo, mas mesmo assim um don't give a fuck) que abriu caminho para o do it yourself de segunda geração contemporâneo, que vieram revelar um admirável mundo novo e enxaguar da boca o roque de produção limpinha e os tripópes e derivados em que o final da década de noventa nos tinha deixado a marinar.
Com a efemeridade como o mote esperado nestas coisas da pópe, são poucas de entre estas bandas, as que se aguentaram até aos dias de hoje, e ainda mais raras, as que se mantiveram relevantes. A maioria ou já não existe ou continua a gravar o mesmo disco regularmente, mas ficam as canções que foram de intervenção naqueles tempos e a memória das infinitas horas na garagem com o meu irmão a tentar reproduzi-las, lançando as primeiras sementes de um caminho comum. Falo de álbuns como Is this It (The Strokes), The White Stripes, De Stijl e White Blood Cells (The White Stripes), Relationship of Command (At the Drive-In), Highly Evolved (The Vines), The Datsuns (The Datsuns), Up the Bracket (The Libertines), B.R.M.C. (Black Rebel Motorcycle Club) ou Queens of the Stone Age e R (Queens of the Stone Age) entre outros.
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Romaria de Natal III
Senhoras de muita-idade que ainda se regem pela bitola antiga: a prenda tem de fazer falta a quem a recebe, é mais cara quanto mais se quer ao destinatário e de preferência "qualquer coisa quentinha, porque tem estado muito frio, querido."
domingo, 20 de dezembro de 2009
sábado, 19 de dezembro de 2009
Febre do balanço
A quantidade e a velocidade com que absorvemos informação disparada de todos os quadrantes possíveis e imaginários torna quase impossível compilar os melhores isto ou aquilo do ano, quanto mais da década (de uma perspectiva com o seu quê de preguiçosa também, claro está). As listas, que todos os anos fazia e debatia, parecem-me um exercício tão inconsequente este ano que chega a ser ridículo, mesmo com o bónus do final dos anos zero. Para além disso, fica-me a sensação que o sentido de história ultrapassa-nos, que a maioria dessas reflexões reflectem cada vez menos o verdadeiro prazer que se tirou das coisas, e mais um compromisso com a luz a que se antecipa que serão vistas amanhã.
Mas não me dedicar à compilação não significa que não apanhe uma pontinha da febre do balanço e não dê por mim a tentar ler as marcas que me foram ficando pelo corpo ao longo destes anos. Sem pensar muito, tentando só ver o que se carrega sempre ali, à flor de pele.
Umas das primeiras que me surge são na verdades duas, In the Bedroom e Little Children, as duas longas-metragens realizadas esta década por Todd Field, a que volto regularmente. Não é por acaso que ambos os filmes são adaptações de obras de dois grandes escritores norte-americanos, Dubus e Perrotta, tendo este último inclusive co-escrito o guião, nem é por acaso que ambos são dois dos mais prodigiosos representantes do cinema americano deste século. Desenvergonhadamente literário se necessário (a voz-off de Little Children), o cinema de Field é um diálogo incessante entre a forma e o conteúdo, com essa dicotomia presente em cada composição, em cada meticuloso movimento. Que nos desdobra, levando-nos não para dentro das suas personagens, porque as observamos sempre de longe, de muito longe, do "não consigo sequer julgá-las" longe, mas ao mesmo tempo a habitá-las, a partilhar tudo aquilo que se vai revelando fora da vista do nosso "outro eu". Descaradamente silencioso se necessário (o doloroso segundo acto de In the Bedroom), nunca sacrifica a sua inteligência em favor da estética, e por isso mesmo torna-se impossível de sacudir ao levantarmo-nos da cadeira, recusando-se a ser abandonado na escuridão de uma sala de cinema.
Mas não me dedicar à compilação não significa que não apanhe uma pontinha da febre do balanço e não dê por mim a tentar ler as marcas que me foram ficando pelo corpo ao longo destes anos. Sem pensar muito, tentando só ver o que se carrega sempre ali, à flor de pele.
Umas das primeiras que me surge são na verdades duas, In the Bedroom e Little Children, as duas longas-metragens realizadas esta década por Todd Field, a que volto regularmente. Não é por acaso que ambos os filmes são adaptações de obras de dois grandes escritores norte-americanos, Dubus e Perrotta, tendo este último inclusive co-escrito o guião, nem é por acaso que ambos são dois dos mais prodigiosos representantes do cinema americano deste século. Desenvergonhadamente literário se necessário (a voz-off de Little Children), o cinema de Field é um diálogo incessante entre a forma e o conteúdo, com essa dicotomia presente em cada composição, em cada meticuloso movimento. Que nos desdobra, levando-nos não para dentro das suas personagens, porque as observamos sempre de longe, de muito longe, do "não consigo sequer julgá-las" longe, mas ao mesmo tempo a habitá-las, a partilhar tudo aquilo que se vai revelando fora da vista do nosso "outro eu". Descaradamente silencioso se necessário (o doloroso segundo acto de In the Bedroom), nunca sacrifica a sua inteligência em favor da estética, e por isso mesmo torna-se impossível de sacudir ao levantarmo-nos da cadeira, recusando-se a ser abandonado na escuridão de uma sala de cinema.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Ele lia-lhe Rilke
"Quando começava a amanhecer, lá fora, levantou-se. Foi até à janela. O céu sem nuvens, por cima das colinas, começava a clarear. Enquanto olhava, as árvores e a fila de prédios de apartamentos de dois andares do outro lado da rua começaram a tomar forma. O céu ficou mais claro, a luz espalhando-se rapidamente por detrás das colinas. Com excepção das vezes em que tinha passado a noite de pé, por causa de um ou outro dos filhos (o que não contava, porque nunca tinha olhado lá para fora, passando a noite entre o quarto e a cozinha) muito poucas vezes na sua vida tinha assistido ao nascer do Sol, e isso só acontecera em pequena. Sabia que nenhum tinha sido como este. Em nenhuma das fotografias que vira ou nos livros que lera tinha aprendido que o nascer do Sol fosse uma coisa assim tão terrível.
Esperou algum tempo, depois foi até à a porta, deu a volta à chave e saiu para o alpendre. Fechou o roupão junto ao pescoço. O ar estava húmido e frio. Pouco a pouco, as coisas em redor iam-se tornando muito visíveis. Deixou os olhos captarem tudo até se fixarem na luz vermelha intermitente no topo da torre da rádio, no alto da colina do outro lado.
Atravessou o apartamento sombrio, de regresso ao quarto. Ele estava num molho, no meio da cama, com os cobertores amarrotados por cima dos ombros e metade da cabeça enfiada debaixo do travesseiro. Tinha um ar desesperado, mergulhado no seu sono profundo, com um braço estendido para o lado dela da cama e os maxilares cerrados. Enquanto ela olhava, o quarto ficou cheio de luz e os lençóis sem brilho embranqueceram intensamente sob o seu olhar.
Ela humedeceu os lábios com um som pegajoso e pôs-se de joelhos. Apoiou as mãos em cima da cama.
- Meu Deus! - disse ela - Ajuda-nos, meu Deus? - pediu."
em A Mulher do Estudante, de Raymond Carver
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
Baltimore, MD
É verdade que já me tinha dado o Dan Deacon ou os Beach House, entre outras coisas entusiasmantes, mas nada me podia preparar para receber esta gente na minha vida.
McNulty, Stringer Bell, Omar, Bubbles, Daniels, Bunk, Kima, Avon, Rawls, Herc, Carver e todos os outros telhudos, do come in, ma' niggas. Let's parley.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Romaria de Natal II
Senhoras de pouca-idade a implodir no pronto-a-vestir, quando vêem aproximar-se delas o anjo da morte, mal disfarçado de empregada naqueles suas vestes lutuosas, de mãos a abanar.
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Un homme et une femme (Lelouch was high)
Quando a mais luminosa canção editada pelas almas que respondem pelo nome Best Coast se entrelaça com palmas de ouro, a coisa fica bonita.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Romaria de Natal I
Senhoras de meia-idade a devorar scones no Chiado, tentando apaziguar o sentimento de culpa que acompanha os sacos que se espraiam indisciplinadamente aos seus pés.
domingo, 13 de dezembro de 2009
sábado, 12 de dezembro de 2009
É só melhor que o outro
Soube bem, que desta vez, tomasse primeiro contacto com as novas canções do b fachada ao vivo. Que lhes visse primeiro os ossos e ligamentos, antes de cobertos pela carne suculenta, pelo sangue quente, pela pele luzidia com que se apresentam em disco. Assim, sim, se constrói uma relação saudável com canções, sempre em crescendo, do esqueleto ao corpo inteiro. E não podia ter calhado em melhor altura, porque estas não são umas canções quaisquer nem este é um disco qualquer. Diz ele que não é a obra-prima, que é só melhor que o outro. Eu digo que Os Golpes e o Samuel Úria já tem companhia naquelas relações de final de ano.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Respect? Mos' def'!
McNulty: You know why I respect you so much, Bunk?
"Bunk": Mm-mmm.
McNulty: It's not 'cause you're a good police, 'cause you know ... fuck that, right?
"Bunk": Mm. Fuck that, yeah.
McNulty: It's not because when I came to homicide you taught me all kinds of cool shit about ... well, I don't know, whatever.
"Bunk": Mm. Whatever.
McNulty: It's 'cause when it came time for you to fuck me ... you were very gentle.
"Bunk": You're damn right.
McNulty: You see, you could've hauled me out of the garage and just bend me over the hood of a radio car ... but no, you were ... you were very gentle.
"Bunk": I knew it was your first time. I wanted to make that shit special.
McNulty: It was, man. It fucking was.
em The Wire (7.1), argumento de Rafael Álvarez
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Kurt Vile & the Violators
Ninguém parecia saber muito bem o que é que se estava a passar, tanto cá em baixo como lá em cima no palco. Estou a gostar disto?, a questão que pairava no ar. Isto é bom ou mau?, denunciavam as rugas nas frontes inquietadas. Não me parece que tenha chegado uma resposta em tempo útil. E isso sim, só pode ser bom. Para toda a gente. Ai, que bom.
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
O tareão
Qual Italian Stallion enfrentando o rigoroso Inverno russo, também eu tirei uns dias para me preparar para uma valente sessão de pancadaria. Escolheu-se as armas, o guarda-roupa, alguns adereços e marcou-se a confrontação para um feriado, que, por mais devotos que alguns indivíduos sejam à causa da porrada, também têm de trabalhar.
Resumindo, é uma estória de uma tareia igual a muitas outras: chega-se a casa de madrugada, o corpo está dorido, a chapa amolgada e não fazemos ideia do que é que aconteceu.
Já indaguei por aí mas os relatos que me chegam aos ouvidos pecam pela inconsistência, embora haja uma referência comum a umas câmeras que terão registado a bordoada. A verdade há-de vir ao de cima. Dentro de uma semana e meia, mais coisa menos coisa.
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