Não é preciso ler uma entrevista de Jonathan Littell para perceber que é um dos maiores cabrões vivos, e digo isto como um semi-elogio. Imagino-o como uma espécie de nazi que não o consegue ser porque quando era pequeno passou num beco escuro e foi "aliviado" por uns escroques de todo o fascismo e respectivos efeitos secundários. Escroques estes, a quem jurou não descansar enquanto não obtivesse a sua vingança. Para além disso, nas primeiras cinquenta páginas de As Benevolentes, põe no papel a mais perfeita introdução de uma personagem, de um Homem, no limbo: capaz de tudo, mas mesmo tudo, e sem força para fazer seja o que for.
Os Real Estate mostraram na sexta, o porquê de serem a minha banda favorita do momento (exequo com os demos das malhas do Filipe da Graça que ai vêm, admito). Não por terem dado o melhor concerto do mundo, ou por a empatia com o público ter sido fantástica (epifanias e coisas assim já deram o que tinham a dar e já percebi que os responsáveis pelas mesmas não são as bandas e os fabulosos concertos que possam dar, somos nós quando precisamos de uma), mas pela "normalidade" dos membros da banda, pelo não-show que deram e por aqueles sorrisos cúmplices que trocaram quando o baixista falhou o tempo de entrada numa canção. Canções com aquela carga emocional, recusar-me-ia a aceitar que fossem tocadas de outra maneira.
Por falar em concertos, desde o sábado no Maxime e da conversa sexta de um oficial da nossa marinha que o bichinho morde ainda com mais força. Tenho definitivamente de alimentá-lo.
Ah, e este blogue, uma destas noites, esteve à beira de se tornar bem mais pessoal, demasiado até. Em vez disso, abri a porta a companhia tardia, deitei-a na cama ao meu lado e dei-lhe a ver um Renoir que achei apropriado: La Grande Illusion.