Marco Martins é o maior barrete do cinema português. Ou melhor, talvez não seja o maior, mas antes um daqueles de tamanho único, que dá para todas as cabeças, que servem a todos. Porque, com a capacidade que o homem já provou ter de se projectar (a maneira como soube rentabilizar o fenómeno, à nossa escala, que foi Alice, foi, e ainda é, brilhante) e, não menos importante, de saber estar onde o "momentum" está, augura-se-lhe longa e próspera carreira a tentar enfiar o barrete nas cabeças ainda descobertas. Mas atenção que não considero que essa seja uma condição de alguém despojado de mérito, não senhor. Porque o homem sabe filmar e fá-lo como ninguém neste país. São imagens belíssimas, que o olho mais incauto poderá facilmente confundir com cinema, mas que não são. São na verdade, anúncios à arte de filmar, como aqueles radiosos, de gente gira a falar ao telemóvel/beber uma jola (riscar o que não interessa), que ele tão bem produz, ou seja, coisa bem diferente. Porque cada plano no seu cinema (belíssimo, nunca é de mais referir) não é um meio, um caminho, não existe para servir uma estória, para servir os personagens (personagens? mas quais personagens? só porque há um guião escrito não quer dizer que existam personagens, existem, isso sim, bons actores, um extra precioso). Cada plano é um fim em si mesmo, o que o torna numa imagem lindíssima mas plana, inerte, desapossada de qualquer conteúdo, tão vazia como a cadeira onde me vou sentar a cada novo filme seu.