sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Banho de revelação

Vi o Afterschool no final do ano passado, numa leva de mais uns quantos filmes em poucos dias, que não lhe deu o espaço suficiente para respirar e amadurecer condignamente no minha cabeça, sufocado que foi, pelo realismo pouco realista de Un Prophète e pelo arraçado de gótico americano (com vénia felliniana) de Tetro.
Mas o tempo tudo resolve e se tanto o filme de Audiard como o de Coppola estão mais que digeridos e arrumados, o quase que sonegado Afterschool começa agora a revelar-se em toda a sua sensibilidade. Não especificamente pelo seu conteúdo temático (por mais interessante que seja, porque realmente o é, e muito menos devedor a Van Sant ou Larry Clark do que inicialmente queremos aceitar, mas isso é todo um outro postal), não pela gestão primorosa da tensão ao longo de todo o filme, mas sim pelos seus planos, pelos enquadramentos desequilibrados e pela relação com aquele espaço que aprisiona as personagens (por mais que isso não possa ser dissociado do conteúdo temático): a nave espacial dentro da qual Robert se movimenta, branca, estéril, constantemente observado? ou constantemente a observar?