segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Paciência, essa amante traiçoeira

Ou a minha paciência perdeu a paciência e abandonou-me ou a coisa bateu no fundo. Ou conhecendo-a como a conheço, foi paciente e só me abandonou quando a coisa bateu no fundo. É confrangedor verificar que basta os poucos consagrados que conseguem combinar o lugar cativo que têm nestas distinções com algum talento não conseguirem sacar um grande filme ou mais uma grande representação, ou não haver a sorte (por mais hipócrita que isso seja) de os ventos soprados do sundance do momento chegarem à costa, para se prestar um serviço de uma pobreza franciscana à sétima arte, um verdadeiro festim de mediania. É que mesmo os que não concordam com a minha apreciação das películas e prestações galardoadas (que respeito, mas não tenho em grande consideração que essa mania pós-moderna de os gostos não se discutirem não passa de isso mesmo, uma mania) têm de concordar, que pelo menos, enquanto arte intimamente plural, o cinema se vê cada vez pior representado em eventos que se deveriam destinar a glorificá-lo, que deveriam ser o combustível para a máquina de sonhos . A, cada vez mais pertinente, questão que me coloco anualmente, algures em Fevereiro, parece por fim ter encontrado uma resposta definitiva que não pesará na consciência:  não, não vale a pena, vai antes dormir.