sábado, 31 de outubro de 2009

Forgive me even if I'm not sorry II

E tens que trabalhar nessa transição para o palco que aquilo no Conan não foi lá grande espingarda. Falta força nesses teclados e óleo nessa banda, pá. Palavra de fã.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

California Dreamin'

"What are you talking about? I like it here. It's nice. The sun is chirping, the birds are shining, the water is wet. Life is good sweetheart. Life is good."

Unfaithfully yours,
The moodiest of the Moodys

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Forgive me even if I'm not sorry

Mas nos dias que correm, três dias são muito tempo. Mas manda vir essa edição de luxo e, principalmente, um desses concertos de poster fantástico, que eu compenso-te. Palavra de fã.
 

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Happening

Foto de Didi

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Sacudir o pó

Os anos 90 estão a chegar, não tem que enganar. Embora ainda não seja a frase mais popular de se andar por aí a dizer, arrisco. Ainda para mais nesta Lusitânia, onde a pesada factura musical da referida década ainda está a ser paga por todos nós. Mas como não sou contabilista, arrisco, e acima de tudo, porque a minha ideia é vir a ser creditado como um dos primeiros do bairro a prever o que se ia passar. Para o efeito, já aqui está a nota para linquar este post daqui a uns anitos, quando cerca de dez pessoas influentes o disserem com grande pompa e circunstância. É matemático, claro. Mas os sinais são evidentes e não há que ter medo, é fechar os olhos e abrir bem os braços.
Pensar que aqueles cds todos a ganhar pó ainda vão servir de (mais) alguma coisa.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Under the Volcano

Geoffrey e Yvonne como Popocatépetl e Iztaccíhuatl. Amantes trágicos e as suas vãs tentativas de se desviarem do caminho, há muito traçado, da auto-destruição.

domingo, 25 de outubro de 2009

Esconso

Hendrik Willem Mesdag "Soleil Couchant" (1887)

sábado, 24 de outubro de 2009

Cartas de amor de amesterdão

A antiga arte da correspondência por carta encerra múltiplos e intrincados segredos para a geração da comunicação instantânea. Daí que, no calor do momento, se cometam excessos, como por exemplo, carregar no perfume. E eis como a mais bela carta, pela qual a cara-metade ansiosamente esperava, se transforma subitamente no veículo de uma prosa perduravelmente enjoativa. Como se escrita pelo punho de um jovem Voltaire aprisionado à conta do seu amor.
 

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Judiaria

Como é que alguém no seu perfeito juízo se pode privar disto: "Nearly forty summers ago, on August 31st 1970, a thirty five year old Leonard Cohen was awakned at 2.am from a nap in his trailer and brought onstage to perform with his band at the third annual Isle of Wight Music Festival. The audience of 600,000 was in a fiery and frenzied mood, after turning the festival into a political arena, trampling the fences and setting fire to structures. As Cohen followed the incendiary Jimi Hendrix, onlookes watched in awe as the canadian folk-singer-songwriter-poet-novelist quietly tamed the crowd.", depois de ter tomado conhecimento da sua existência, ainda por cima em dvd?

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

C de cliché

O maior dos clichés é começar uma estória com a expressão "sei que é um clíche mas...". É coisa para, invariavelmente, dizimar a mais remota possibilidade de beleza que ainda pudesse existir naquela pequena estória que se queria, que se devia, partilhar. O cliché é um espartilho (e pensar que algo que envolve barbas de baleia já foi também um lugar-comum) que a impede de desabrochar na sua plenitude.
E tão simples que seria, introduzir a dita expressão no final da nossa narração, depois de termos agarrado a imaginação de uma plateia (sempre sedenta de boas estórias, como qualquer plateia), por uns minutos, uns segundos breves que fosse. Faria toda a diferença do mundo.
Acreditem, que quando rematassem humildemente: "Sei que é um cliché mas...", algum bravo vos responderia: "Não, não é cliché nenhum. Ainda bem que partilhaste essa estória tão maravilhosa".

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Velha expressão escocesa III

"Forget the tree, the book and the son. The three really important things a man ought to do before he dies are: own the complete Byrds discography, buy vintage gear and start a Teenage Fanclub. In this exact order."

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Agnès de 9 à 12

Agnès Varda esteve ontem à noite na Cinemateca na apresentação do ciclo que lhe é dedicado, que se iniciou com a projecção do seu último filme, As Praias de Agnès. Foi naturalmente sobre este que incidiu a conversa, o que na prática resultou numa conversa sobre a sua vida.
Ressaltou-me a gratidão genuína que esta mulher sente pela oportunidade que lhe foi dada de ter uma vida riquíssima, fazendo o que mais gosta, e partilhando-o com as pessoas que ama e amou.
Só o cinema nunca morre. Por isso, em cada plano de Agnès, há uma dedicatória.:"A Jacques Demy, o mais querido de todos os mortos."

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Growling pains

Por vezes naquele histerismo de se crescer, desata-se a mudar tudo e mais alguma coisa, hábitos, vícios, posições. Uma espécie de "mudar é fixe" meets "ao menos fiz alguma coisa", convencidos de ser esta a prova provada da nossa evolução enquanto seres, se não humanos, pelo menos sociais.
Mas parece-me, que por vezes, crescer é exactamente saber resistir à mudança. Saber manter colado ao corpo o que se quer, enquanto lá fora, a turbamulta varre as ruas, e incita à revolução. Saber soprar vida nova a palavras velhas.
Sou capaz de ser mais conservador do que gostava.

domingo, 18 de outubro de 2009

Ordem e progresso


Tarsila do Amaral "A Gare" (1925)

sábado, 17 de outubro de 2009

Outro(s) caminho(s)

Quando há uma ordem interior que não aceita que se escreva sobre outra coisa que não aquela, e ao mesmo tempo, o pudor próprio das coisas não resolvidas, nos impede de o fazer, a isso chama-se um impasse. E como diz o meu amigo Chico: "impasse é somente a oportunidade de  experimentar outro caminho". Seja feita a sua vontade. A do Chico, claro. E já que é para experimentar, vou tentar que seja largo o suficiente para lá caberem três outros caminhos que há já algum tempo tenho vontade de trilhar: Brasil, dueto, versão. A ver o que dá.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Paleta matissiana



Fotos de Allan Tannenbaum

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Velha expressão escocesa II

"Ninguém se apaixona à primeira pelos Josef K. É todo um processo."

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Depósito

Embora embriagada com a excitação, ainda não vestia na pele a confiança absoluta de estar no sítio certo, somente a ganga justa e a blusa esvoaçante. Não que duvidasse que não havia sítio mais certeiro para se estar, isso soube-o antes de entrar, soube-o há alguns meses atrás, nos corredores do liceu.
As parceiras de crime também não colaboravam, nem mesmo a sua habitual aposta segura: a loira de sorriso fácil e copo na mão. Ela era a sua única hipótese, a locomotiva que puxaria todas as outras carruagens, mas para isso era necessário combustível, e naquela noite, pura e simplesmente não havia maneira de ela encher o depósito. Estaria a habitual confiança inabalável da sua amiga a tremer finalmente? Por mais que lhe agradasse a ideia de a ver descer do seu pedestal, não era aquela a noite certa. Não, nunca naquela noite.
Ainda faltavam algumas músicas, a sua favorita e mais duas ou três pelo menos, e a esperança  mantinha-se à tona por entre os goles que ia dando na sua pequena garrafa de água. Ela via o filme vezes sem conta na sua cabeça: a loira sorria-lhe e com um pequeno movimento de cabeça perguntava-lhe se queria ir mais para a frente, ao que ela respondia muito calmamente, parecendo até ponderar um pouco, que sim. Seguia-a então até às ondas, tentando controlar o nervoso miudinho ao mergulhar por entre os corpos suados dos rapazes e raparigas mais fixes da cidade. Aquele lugar mágico onde é permitido fechar os olhos, sorrir e deixar-se levar pela corrente. Onde cada nota desafinada encontra um afinador nas gargantas do lado. E de repente, sem saber como, via-se na crista de uma enorme onda. O tempo cristalizado, enquanto eles tocam só para ela, enquanto ele canta só para ela, aquelas palavras como ela nunca as ouviu, subitamente insufladas de significado e tão certeiras, subitamente tão verdadeiras.
Se ao menos a loira enchesse o depósito.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Seldom seen, often heard

Seldom Seen: I ain't scared of death. I deal with his ass everyday. He come knocking at my door, asking me about people. Cause' he knows I know everything there is to know about what's going on. He's a cold cocksucker. One of these days, one of those knocks is gonna be for me. So what? Sooner or later, everybody's got to go. Some sooner than others. Who's to say when that is? In your case, I do.

em Kansas City, argumento de Robert Altman e Frank Barhydt

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Velha expressão escocesa

"Goodness Gracious! Hoje está um dia mesmo Orange Juice!"

domingo, 11 de outubro de 2009

Senta aqui


Édouard Manet "Banc" (1873)

sábado, 10 de outubro de 2009

Sublime expiação

Partilhar um cachimbo de damasco fazendo convites a que já se adivinha a resposta é a melhor forma de expiar os pecados sabáticos. De preferência, deixando cair a boquilha ao chão.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Presentear com a vida

Warren Bolster "Orange Pipe"

O pai da fotografia da cultura skateboarder, que mais tarde se dedicou também a documentar o surf, conhecido por se colocar em situações arriscadas para conseguir a melhor fotografia. Proezas que lhe valeram inúmeros ossos partidos e lesões permanentes que acabaram por resultar numa dependência de analgésicos. A sua natural tendência depressiva misturada com este estilo de vida culminou no seu suicídio em 2006. Pouco anos antes tinha escrito no prefácio de um livro de fotos suas: "I almost destroyed myself to give a larger life to the sport". Só falhou no almost.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Assombração



The Misfits para além de um enorme filme, tem uma aura trágica inigualável. A pungente estória de quatro inadaptados no Nevada, e a sua luta contra os seus próprios medos para tentarem criar laços entre si, é um prodigioso guião de Arthur Miller, pensado como um veículo "sério" para as capacidades de representação de Marilyn Monroe, a sua esposa na altura. E como ele acertou em cheio. Marilyn tem o melhor momento da sua carreira na pele da atormentada Roslyn, mais vulnerável que sexy, e talvez por isso mesmo, mais sexy que nunca, numa arrebatadora demonstração do seu potencial inexplorado. O resto do icónico elenco não lhe fica atrás nos retratos dos seus inadaptados, embrulhados pelo belíssimo preto e branco (especialmente no deserto) escolhido por John Huston. A rodagem foi bastante atribulada, entre o casamento acabado de Miller e Monroe, que só anunciariam depois do filme terminado, os complicados locais de rodagem, a gestão dos egos de tantas estrelas, os inúmeros fotógrafos da Magnum à solta pelo plateau (como Bruce Davidson, que tirou a foto aí em cima de Montgomery Clift, Marilyn Monroe e Clark Gable na galhofa, observados por Eli Wallach, Arthur Miller e John Huston) e ainda uma estranha complacência de John Huston, habitualmente senhor do seu set, para com todo este caos, e em particular, para com os atrasos de Marilyn.
E depois há a tragédia pós-filme, que o transformou numa película particularmente assombrada. Foi o último filme de Marilyn, que se suicidaria, um ano depois. Foi o último filme de Clark Gable, que faleceu de doença coronária, uns meses depois do fim da rodagem, não tendo chegar a ver o filme estrear nem o nascimento do seu primeiro filho. E foi também um dos últimos filmes de Montgomery Clift, que viria a falecer também precocemente, poucos anos depois, depois de anos de abuso de drogas e álcool.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Borboletas amarelas

Hirokazu Kore-eda não só continua a apontar a câmera à mesma coisa, à ausência, como até já dispensa dispositivos narrativos mais rebuscados ou surpreendentes, como se insinuasse que nos chega o efeito dessa ausência nos que ficam. Chega, pois. 

terça-feira, 6 de outubro de 2009

O cinema de Kurosawa

"Veloz como o vento,
silencioso como a floresta,
impetuoso como o fogo,
imóvel como a montanha"

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

domingo, 4 de outubro de 2009

Strange Brew

Alfred Sisley "The Tugboat" (1883)
 

sábado, 3 de outubro de 2009

Sentido de mito

Efe: Abe, you sure love that river, don't you?
Abe: It's a mighty pretty river, Efe.
Efe: Never saw a man like you, look at a river like you do. Folks would think it was a pretty woman or something, the way you carry on.

em Young Mr. Lincoln, argumento de Lamar Trotti

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O mês do darko

Não há-de ser o pior dos meses. Assim de repente, lembro-me de três ou quatro coisas: o regresso do fantástico Hirokazu Kore-eda (não aos filmes porque esse já aconteceu há três anos com Hana, embora não lhe tenhamos sequer sentido o cheiro por cá, mas sim às "salas de cinema portuguesas", ou seja, a uma sala do King) com Andando, a 8 de Outubro; os dentes ensanguentados a saltarem da boca de uma geração depois de encaixar um belo rotativo; continuar a maravilhar-me com o processo de desfolhação das árvores da minha rua; oportunidade de matar saudades e tomar o pulso ao cinema francês, na sua décima festa (entre outras coisas, há um Agnès Jaoui inédito por cá, para ver); continuar a contagem decrescente para voltar a ver os Black Lips. Embora esta última corra o sério risco de não se realizar, porque, segundo um rumor posto a circular por um leporídeo, a partir de hoje faltam 28 dias, 6 horas, 42 minutos e 12 segundos para o fim do mundo. Temos tempo.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Mote Outonal

"Se nós somos "os chineses do Ocidente", nem um pouco nos assemelhamos aos japoneses. É porque não conhecemos o vazio nem por ele nos sentimos atraídos.
Há talvez uma barreira que contribui para isso, a fascinação-repulsa que sentimos pela ausência. A ausência não é o vazio, contraria-o mesmo, em certo sentido. A ausência diz-se de uma presença, enquanto o vazio não se reporta a um cheio. O vazio é primeiro, está aquém da ausência de tudo. Quando toda a presença desaparece e deixa de haver lugar a preencher por uma coisa, então surge o vazio primordial, de onde sairão as forças para, precisamente, criar, agir, pensar. Do vazio nascem os pensamentos únicos, nunca anteriormente pensados, como dele nasce a obra (eventualmente, de arte) absolutamente original.
Para que ocorram, é preciso saber produzir o vazio."

em PORTUGAL, HOJE - O Medo de Existir, de José Gil