terça-feira, 17 de novembro de 2009

BQE

Deixei a imponente Verrazano-Narrows para trás e sobrevoei a Brooklyn esculpida na pedra castanha. Abri a janela e deixei entrar o cheiro a folha caduca que chegava de lá longe, daquela enorme mancha verde que dá pelo nome de Prospect Park, mesmo antes de me aventurar na travessia das águas escuras de Gowanus Canal. Resisti estoicamente ao apelo do Battery Tunnel, que nós tenta convencer a fechar os olhos e só volta-los a abrir quando sobre nós incidir a sombra do desespero em forma de arranha-céus. O meu mergulho seria outro, logo depois da Atlantic Avenue, pelas entranhas do Brooklyn Heights Promenade, enquanto lá em cima, alguém  passeava o cão com o olhar perdido para lá do East River, no distinto perfil da joía da coroa de Wall Street. Virei as costas à Brooklyn Bridge e apanhei boleia da Park Avenue para depois de me lançar afoito para norte, serpenteando por cima das avenidas de Queens. Mais à frente, o hipnótico Maspeth Creek recebeu-me de braços abertos e, sem que eu tivesse dado por isso, cuspiu-me para uma sinistra parada por entre os verdes cemitérios. Acelerei até à Grand Central Parkway, furando por entre mais expressways, carris e túneis, que levam e trazem, todos os dias, os milhares de almas que vão soprar vida ao coração da cidade. naperãos viajou a convite de Sufjan Stevens