Cá fora, os filtros encostavam-se aos lábios, que pouco depois expeliam, não fumo em segunda mão, mas grandes nuvens quentes de confiança. Confiança de que ia ser um grande concerto. Uns porque já tinham passado por aquilo, outros porque já tinham ouvido falar, e ainda outros porque, mesmo em disco, era óbvio que aquela não era gente para falhar numa transacção de contornos tão simplistas como a que a noite propunha, pelo contrário, parecia talhada à sua medida. Lá dentro, o esperado, como confiantemente se esperava. Numa palavra: festa.
De volta à rua, a verdadeira medida do triunfo. O sol não brilhava e não havia uma sensação colectiva de que o mundo era agora um sítio diferente mas a cidade parecia mais bonita, agora que era acompanhada pela doce dolência da linha de guitarra da Hippie, Hippie, Hoorah. A melodia tinha-se escapado das cordas de aço para lhe oferecer um momento de suspensão. Um daqueles momentos em que se expira o antes e se inspira a confiança para o depois, tal como no concerto.
Não faço ideia sobre o que é que eles cantam naquela música e tenho a distinta convicção que nunca o vou saber.