Na península coreana, a norte do paralelo 38, continua o conto de fadas. O jovem Kim Jong-Un continua a ser preparado pelo pápá para o suceder no trono comunista da Coreia do Norte e o mundo comove-se perante estas públicas demonstrações de afecto e carinho de Kim Jong-Il para com o seu filho. O homem mostra que por trás daquela expressão de vilão de banda desenhada existe um coração, e um coração que não é de pedra. Um coração que não tem medo de gritar para quem quiser ouvir: "O meu filho cresceu e estou muito orgulhoso dele. Está um homenzarrão. Não confiaria em mais ninguém para continuar a matar à fome o nosso povo. Este puto é lindo!(apertando-lhe a bocheca)". Depois das primeiras aparições públicas ao lado do pápá babado e da meteórica carreira militar que o tornou general em uma semana (parece que o pai tem cunhas no exército), eis que chega agora o momento da emancipação e do rapaz cumprir essa ancestral versão comunista de ritual de passagem à maioridade: a sua primeira purga. E como vítimas, nada melhor que os oficiais do exército que foram fiéis toda a vida ao seu pai, tudo gente de quem o rapaz cresceu rodeado, ou seja, o que os Kims apelidam de amigos (nas purgas como em muitas experiências de vida, é sempre mais fácil a primeira vez ser entre amigos, ajuda a diminuir o nervosismo).
Espero que algures em Hollywood alguém esteja a preparar um argumento desta comovente estória de amor. E que Baz Luhrmann seja o realizador escolhido para o projecto. Se o homem conseguiu incutir o glamour e a grandiosidade que se viu nos aborígenes australianos nem quero imaginar o que será capaz de fazer com estes selvagens.