The Bad Lieutenant, de Werner Herzog, é um bom filme. Bem escrito, bem interpretado (Nicolas Cage num dos melhores papéis da sua vida, o que, tendo em conta a carreira do homem, não se afigura muito difícil, assim de repente, só o Sailor do Wild at Heart e o alcoólico em Vegas é que jogam no mesmo campeonato), e a confirmação de que o cinema de Herzog parece agora ter finalmente encontrado um equilíbrio que há muito buscava, um novo equilíbrio. Liberto de vez do fantasma de Kinski (embora Cage tente por vezes agarrá-lo, tarefa que, felizmente, o seu limitado talento não lhe permite concretizar com sucesso) mas sem perder a intensidade e a loucura que o caracterizaram nos melhores momentos, que encaixa que nem uma luva nesta Nova Orleães pós-Katrina (o que também já acontecia em Rescue Dawn, com Christian Bale a deambular pela selva vietnamita), volta a sentir-se uma vitalidade e uma energia em cada cena, que andava há muito arredada do seu cinema. Quem disse que o equilíbrio não pode ser intenso?