domingo, 31 de maio de 2009

Uma questão de ondas

Embora se tenham revelado descabidas as previsões de ondulação forte para este fim-de-semana no Bairro Alto, as revoltas águas clamavam desenfreadamente por intrépidos marinheiros.
E assim se respondeu ao apelo das tágides, rumando a sul e ofertando os pés às lambidelas das ondas que se desfaziam em apoteose na pedra centenária. Uma dança convulsa, ora indignada, ora comemorativa, que acolhia de novo o cais das colunas no órfão leito do rio.
Entre um grupo de panques chineses, com queda para as baladas, e um casal que se predispunha a tirar o melhor proveito de todo o potencial romanesco do local, sou capaz de jurar que descortinei o fantasma do vapor D. Luís a atracar bravamente, fitando nos olhos Manuel Buíça e seus comparsas.
Ao longe, uma winchester implacável fazia soar o seu trovejar de morte.